Tristeza

Choro em verde e branco: comunidade lamenta queda da Cubango

Agremiação teve problemas antes mesmo do desfile

Quadra ficou fechada nesta quarta-feira (27), após rebaixamento da agremiação
Quadra ficou fechada nesta quarta-feira (27), após rebaixamento da agremiação |  Foto: Marcelo Eugênio
  

A Acadêmicos do Cubango amargou mais uma queda em sua história, escrita desde 1959, ano de sua fundação. Última colocada da Série Ouro do Carnaval deste ano, a tradicional agremiação de Niterói voltará aos desfiles da Intendente Magalhães no ano que vem. 

A escola foi a segunda a desfilar na quarta-feira (21). No enredo, fez uma homenagem à Chica Xavier, atriz e yalorixá cantando "Chica Xavier, a baiana do Brasil".

Colocando o bloco na rua desde 1960, disputou por diversas vezes o carnaval de Niterói, tendo levado o troféu em 11 ocasiões. Ao lado da Viradouro, divide o orgulho de grande parte do público niteroiense. Desde 2002 sem disputar a antiga Série B, atualmente Série Prata, ganhou, no mesmo ano, o carnaval e subiu ao antigo grupo de acesso, permanecendo até agora.

Ao longo dos anos, foi campeã em 2009, com a reedição do enredo de 1979 "Afoxé é cortejo, é ritual, é festa. Afoxé é carnaval". Foi também vice-campeã em 2019 da Série A, atualmente Série Ouro, levando à Sapucaí "Igbá Cubango - a alma das coisas e arte dos milagres", dos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad, dupla que ajudou a Grande Rio a chegar ao título inédito do carnaval deste ano. 

A equipe de reportagem do ENFOCO esteve em frente à quadra da escola nesta quarta-feira (27), mas o local estava fechado. O sentimento era de revolta e indignação dos moradores da comunidade, insatisfeitos com o resultado. 

O membro da bateria, Valcir Martins, 55 anos, lamenta o resultado deste carnaval, e que a verde e branco não merecia ser novamente rebaixada.      

Sou Cubango doente, a escola foi roubada, alguma coisa houve lá, não tinha porque levar aqueles 9, não sei o que esses jurados acharam, não merecia ganhar, mas merecia ficar pelo menos entre o terceiro e quarto lugar Valcir Martins, morador e ex-membro da bateria
 

Comerciantes locais também demonstraram insatisfação com a direção da escola. "Eu não sei o que ela fez, a escola não era assim", comentaram se referindo à presidente da escola, Patrícia Cunha. 

Quem também falou sobre o assunto foi o ex-presidente da agremiação, Olivier Luciano Vieira, o Pelé, ex-presidente da agremiação. 

"Como conselheiro soberano e sendo a maior regência da escola vivo pretendo sim assumir o comando antes de enrolar a bandeira dívidas acima de 2 milhões. Chegou a hora de arrumar a casa, pela história da escola e pela comunidade diga ao povo que estou voltando. A eleição é obrigatória, estamos aguardando ela prestar conta, coisa que não acontece há 4 anos, desde da minha saída não se teve mais prestação de conta", informou.

'Pelé' foi presidente da escola de 2003 a 2017 e atualmente pertence ao Conselho Deliberativo da Agremiação, composto pelos mais antigos membros da escola, fundada em dezembro  1959, e que assinam documentos para legitimar as decisões da diretoria executiva vigente, como determina o estatuto. 

Ainda na noite desta terça-feira (26) a agremiação se pronunciou nas redes sociais e informou que irá recorrer do resultado. 

Ainda em comunicado, a escola contou sobre sua história.

"Ao conferir cada justificativa dos jurados, buscaremos reparar a injustiça cometida, tomando as medidas cabíveis, em todos os âmbitos, para a defesa da Acadêmicos do Cubango. A Cubango nasceu nas comunidades de Niterói para encantar seu povo e ajudá-lo a vencer as opressões, não nos curvaríamos agora. Colocamos o Carnaval na rua com muita força e muita garra, fomos o espelho da nossa linda comunidade."

Em relação às dívidas, a diretoria informou que já encontrou a agremiação com muitas pendências financeiras e a quadra em situação lamentável, além de não ter  credibilidade com os fornecedores.

"Não teremos nenhum problema com prestação de contas, ao contrário de outros tempos, nosso carnaval foi para a avenida. Este resultado seria inexplicável se não fossem as recorrentes ameaças e tentativas de depor a minha gestão por não me sujeitar ao que queriam me impor. Nunca imaginei que atacariam a escola desta forma, uma mulher negra que não se submete aos “senhores” incomoda muito.” disse a presidente Patrícia Cunha.

Complementando a nota, a vice-presidente Gracyenne Helena informou que a escola não será derrotada.

“Nossa escola é a cara da nossa comunidade. Somos fortes e não nos derrotarão. Sou mulher jovem, preta e cubanguense. Tenho muito orgulho do carnaval que colocamos na Sapucaí. Nossa escola não fez um desfile para esse resultado. Um absurdo que indigna o mundo do samba com tamanha injustiça!A Cubango é muito maior do que os que tentam a derrubar!”, disse. 

Polêmica

Antes do desfile, a escola niteroiense estava envolvida em polêmicas fora da Sapucaí. Áudios circularam em aplicativos de mensagens com rumores de uma possível renúncia envolvendo a presidente da verde e branco da zona norte. 

Ainda pelos áudios gravados, supostamente por membros da diretoria da escola, a Cubango enfrentaria sérios problemas em seu desfile com fantasias inacabadas e algumas que não teriam sido entregues por falta de pagamento dos salários das costureiras. Na última quarta-feira (21), a direção da escola negou os rumores.

BRIGA

Após pubilicação desta reportagem Ary Sergio, que se domina vice-presidente do Conselho Soberano, infomou que 'Pelé' não pode pode pisar na escola até 2027 por ter sido expulso por roubo em 2017.

Já 'Pelé' negou a acusaçãos e disse que o conselho foi desfeito em 2019, negando que Ary ainda seja vice-presidente, além disso reforçou que a atual presidente não prestou contas entre 2018 e 2020.

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